Horário do Fim
morre-se nada
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca
esse momento
Mia Couto, in “Raiz de Orvalho e Outros Poemas”
Posted in Amigos, Poesia, Vida, tagged Inverno, River of tears, Taleiga on 30 /Dezembro/ 2015| Leave a Comment »
Horário do Fim
morre-se nada
quando chega a vez
é só um solavanco
na estrada por onde já não vamos
morre-se tudo
quando não é o justo momento
e não é nunca
esse momento
Mia Couto, in “Raiz de Orvalho e Outros Poemas”
Posted in Poesia, tagged Mãe, REM on 26 /Dezembro/ 2015| 2 Comments »
guardei as palavras num
frasco de vidro escuro sem
tampa
saiam quando quiserem ou a lua
cheia
vos ilumine a cada dia que venha
onde o sol nasça e seja um arco
íris dos teus olhos inexpressivos e
tão belos como
uma foto sem filtro
um desejo instantâneo que se
limpa da memória
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
no dia em que souber dizer um poema
como se fosse o último raiar
a última lágrima desse olhar
um sopro sem suspirar
cultivarei na terra arada o último dilema
Posted in Não classificado on 22 /Dezembro/ 2015| 1 Comment »
E já vão mais dois anos!
tento não ser tanto
o que não posso ser
nem falsa face de espanto
ou linha morta do haver
um dia serei apenas pó
ou cinza no mar
hoje sou só
a pedra fora do lugar
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Posted in Poesia, Vida, tagged Being, Closer to the edge, Horizon, Interior, Mãe, Outono, Puré on 20 /Dezembro/ 2015| Leave a Comment »
o que sonho em pé ou sentado
no arco-íris de Outono
morre quando alguém o leva para outro lado
fica a dor e o abandono
os anos passam
a madeira apodrece
os olhos já não dançam
no descanso dessa prece
¨¨¨¨
ah, o encanto de outras eras perdidas
de outras vidas
desse longe que está tão perto
de peito aberto
nesse olhar triste que olha para o lado
frio e deitado
sem pressa, outro fim começa
Posted in Poesia, Vida, tagged Being, Chover no molhado, Closer to the edge, Interior, Outono on 14 /Dezembro/ 2015| Leave a Comment »
nesse canto onde se acumula a esperança
há um raio de sol pela manhã
nestas manhãs de Outono infinitas
é como o pó que nunca se limpa
fica à espera
pode ser que um dia venha o fim
finalmente ser livre de atenções e minúcias
e aí onde nem o sol alcança
escrevem-se palavras primárias e malditas
na pedra fria onde o esquecimento impera
conspiram, sussurrando, as odiadas súcias
Posted in Poesia, tagged Alentejo, Outono, River of tears, Terra, Vermelho on 12 /Dezembro/ 2015| Leave a Comment »
Chama viva para outra esperança
cura
essa dor colorida
pinta de preto e branco o vento
tenta o momento
do raio de sol na despedida
onde a breve vaga perdura
∴
embrulha os pesadelos do dia
ontem ninguém sabia
que o sangue dormia
na cama de palha
pois o coração dorme onde calha
e bebe o tinto da talha
∴
nesta vida azeda e vaga
onde há mel e há abelhas
tantos querem que traga
os olhos como centelhas
é um repente que as apaga
na sombra das sobrancelhas
ilumina
e serás eterna
pisa
e terás perdão
nesse chão
que numa noite sem lanterna
é a tua janela sem cortina
o desejo que ninguém precisa
Posted in Amigos, Poesia, Vida, tagged Amigos, Paz, River of tears, Terra on 06 /Dezembro/ 2015| Leave a Comment »
Light on the wall
ser o medo e o escuro
de toda a emoção, um sorriso a recordar
de dentro deste silêncio puro
vem o amanhã onde não se quer chegar
ficar aqui, neste lugar inculto
onde o diálogo é um vulto
rasga-se a fé numa prece exausta
outro dia virá com uma mesa fausta
¨¨¨¨
a lua guia uma alma a um lugar melhor
longe dessa luta inglória
fica a doce memória
duma aura intensa em seu redor