os números rodopiam
as palavras dançam sem ordem
uma desordem infinita
até que o finito seja um epitáfio
demasiado sombrio e desconexo
nesses momentos sem amplexo
de orações no cenotáfio
toda a fé é maldita
nem que os anjos acordem
quando as cordas se desfiam
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aqui não há tesouros
nem frescos bebedouros
só equações diferenciais
linhas rectas e diagonais
¨¨
nesta matemática impura
as leis supõem o erro
um resto que perdura
um declínio sem aterro
uma existência sem cura
¨¨¨¨
extenso sem letras nem lágrimas
porque só o fim é linear
entendo as breves máximas
que ficam sempre a pairar
como plumas ao vento
como soma do pensamento
desses momentos sem lástimas
¨¨¨¨¨¨
o método que causa a distância
a certeza que baixa os olhos
a esperança que cega a afirmação
o múltiplo que volta para trás
tudo numa só instância
de flores aos molhos
murchas pela negação
vencer sem trunfo nem ás
e do lilás se faz tinto
e é nada o que sinto
pois já findou o dia e a devolução do eco
tira-se a roupa e a máscara do boneco
∝
I’ve got a little black book with my poems in
I’ve got a bag with a toothbrush and a comb in
When I’m a good dog they sometimes throw me a bone in
I got elastic bands keeping my shoes on
Got those swollen hand blues.
Got thirteen channels of shit on the TV to choose from
I’ve got electric light
And I’ve got second sight
I’ve got amazing powers of observation
And that is how I know
When I try to get through
On the telephone to you
There’ll be nobody home
from The Wall – Pink Floyd
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