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deixem-me!

Photo credit: Lukas Voegelin on VisualHunt

deixem-me o vento pelas costas

deixem-me ser o cavalo sem apostas

ser a fresta na escuridão

não há retorno sem flecha

não há brasa sem mecha

há apenas muitas linhas em cada mão

quero mais mas não quero tanto

quero ter um sorriso no meio do pranto

ter mais que um sim ou um não

o vento é livre

a vida é breve

deixem-me!

contra-regra

Photo credit: autowitch on VisualHunt

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neste dia

nesta casa vazia

os móveis

ficam imóveis

acumula-se o pó

e fica só

a vontade de esquecer

e aquecer

as mãos inertes e frias

tremendo pelas nostalgias

fechadas numa caixa

atada com uma faixa

vermelha

já sem centelha

grade sem cor

Photo credit: 3B’s on Visualhunt

no instante em que ficas quieto

não é certo

que vás para além da cor

ou do branco e preto

que se dilui no incerto

e no inquieto

vagar do amor

que se torna incolor

por mais que chores e grites

numa pintura onde não existes

nunca morres e nunca corres

e não vais onde vão os demais

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

não basta dizer basta!

quando se gasta

tempo perdido

em gradiente diluído

deriva

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tanto que podia ser e é apenas pranto

breve podia ser o momento

e é apenas vento

quando o nada é tudo

e o linho é veludo

aí o silêncio deixa de ser mudo

Terno inverno

Photo credit: franzisko hauser on Visualhunt.com

abrandar e aprender

a dança suave da esperança

e a luta que não se trava não é brava

todas as feridas que fiz têm a sua cicatriz

tudo o que não disse era uma fugaz chatice

de todas as capas de que nunca escapas

tapam o frio e o copo vazio

acendem a vela inerte na paixão que deserte

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não leias as teias dos meus olhos

nem adoces as mágoas que se afundam nas águas

a cada passo o espaço encurta

a cada semente ausente que a terra come

há uma ilusão diária que passa fome

escada esquecida

Photo credit: Monika Kostera (urbanlegend) on Visualhunt.com

uma vida

construída

sobre estacas

fracas

dá asas a tanto seixo

mas nunca deixo

apagar as brasas

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tentar flutuar na corrente ascendente

é mero acaso na dor alheia na maré cheia

e ser apenas uma pedra no fundo

ou um grão de pó, só neste mundo

onde sobra tanto tempo

sem respeito nem contratempo

sopa fria num prato raso

trinta e tal

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idos todos os beijos

conquistadas as sombras

e as penumbras

perdidas todas as lágrimas que te lembras

resta o descanso breve

o vinho leve

e todos os outros desejos

inertes e sombrios

luminosos e frios

soma de tantos restos

silêncio de outros gestos

o ponto de partida nunca parte

as palavras não se guardam

não se dizem

não doem

o que conta é o número

efémero

finito ou infinito

não há zero nem nada

cicatriz marcada

em pedra de granito

é lá que todas as melodias ecoam

e a coragem sangra a sua dor

ao sol-pôr

conhecido de tantos dias iguais

banais

indeléveis

solúveis

numa maré constante

sem instante

do perto se faz longe

Photo credit: Anne Worner on VisualHunt.com

sente o vento que adormece

e o silêncio que te acorda

¨

quem erra e sempre esquece

como não dar o nó na corda

não merece

o perdão frio da sedução

por maior que seja a tua mão

em toda essa apetitosa horda

crédito solitário

Photo credit: Scott..? on VisualHunt.com

na sede inteira de uma frase

há espaço imenso para utopia

fica sempre a faltar o quase

para gritar o que queria

quando a vontade é menor que a meia-lua

murmuro no interior da flor morta

sem respeito algum pela mentira crua

caindo suavemente pela linha torta

a mão na testa

Photo on Visualhunt.com

quando transformas as memórias em beleza azul

levadas pelo vento

que sopra de qualquer sul

quebra-se o momento

em que esqueces

tudo o que já mereces

por mais que murmures preces

de uma fé perdida

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

o que tens é o que importa

ainda que nada seja

mais que uma folha morta

uma luz que ninguém veja

nas sombras desta vida